19 de fevereiro 2018

Saúde ocular x desempenho escolar das crianças

Você sabia que o baixo rendimento e desinteresse das crianças pelos estudos podem ser sinal de que algo está errado com a saúde ocular? Como pode demorar um tempo para que as crianças e os adolescentes apresentem alguma queixa e sintomas oculares, como dor, coceira, dificuldade para enxergar e dor de cabeça, é importante acompanhar essas queixas de perto. 

Dr. Marcelo Netto (CRM 32975-MG), oftalmologista pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós-Doutorado em Ciências Visuais pela The Cleveland Clinic Foundation (EUA), explica que a atenção principal do diagnóstico depende da faixa etária: “Nem sempre as crianças menores sabem expressar o que estão sentindo, o que pode fazer com o que o problema passe despercebido e reflita no rendimento escolar, mas entre os adolescentes já é mais fácil”.

No início da vida escolar podem surgir problemas de refração (miopia, astigmatismo e hipermetropia), estrabismo, “olho preguiçoso” (ambliopia) etc, porque é durante a infância que a nossa visão se desenvolve, e são justamente esses problemas que podem interferir no aprendizado da criança.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, 50% das pessoas serão míopes, sendo as crianças as vítimas em potencial no futuro. Hoje, já existe uma epidemia entre os jovens. “Não precisamos ‘demonizar’ os aparelhos eletrônicos, os celulares ou a internet porque eles não são a causa dos problemas e tampouco induzem essas doenças, mas é preciso agir com precaução, prevenção e limites”, alerta Marcelo Netto, que também dá algumas dicas:

  • Descansar a vista olhando para longe ou fechando os olhos a cada 50 minutos;
  • Usar colírios lubrificantes. Eles ajudam a evitar o ressecamento ocular após longos períodos de fixação na tela – principalmente quando a criança passa bastante tempo em ambientes com ar condicionado;
  • Manter a distância de conforto. O recomendado é ter, pelo menos, 30 centímetros entre a tela dos celulares e o usuário, e 50 centímetros de tablets e computadores; 
  • Manter o local iluminado também ajuda;
  • Praticar atividades ao ar livre também são recomendadas para o desenvolvimento normal do olho nesta fase.

A fadiga ocular é outro fator que pode ter relação com o desempenho dos alunos. A reclamação mais constante é de olhos cansados; dor de cabeça e visão embaçada, porque necessita de mais esforço para enxergar a lousa, ler textos e livros. “A dificuldade para enxergar pode ser consequência de um astigmatismo não diagnosticado ou até mesmo de horas extenuantes em frente aos celulares e tablets”, constata o oftalmologista. 

Dentro deste contexto, os professores podem ser grandes aliados dos pais, podendo observar se a criança ou o adolescente está coçando os olhos seguidamente, se está disperso e desinteressado, e com baixo rendimento.

Prevenção é o melhor caminho para evitar que danos irreversíveis se instalem nessa fase. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica sugere que o primeiro exame seja realizado pelo pediatra antes da alta da maternidade (teste do olhinho), a partir daí, um exame oftalmológico completo deve ser realizado a cada seis meses, durante os dois primeiros anos de vida do bebê. Nas crianças que não apresentam problemas oculares, indica-se o exame anual completo até os dez anos de idade, quando ocorre o completo desenvolvimento da visão.

O importante é termos em mente que a avaliação oftalmológica é indispensável para o diagnóstico e tratamento adequados, bem como a prescrição de óculos, orientações gerais e, em alguns casos, uso de lágrimas artificiais para o alívio de sintomas comuns de ressecamento.


O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.

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