Algumas doenças oculares podem ser desencadeadas pelo envelhecimento. Uma delas é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), problema ocular que pode ocasionar a perda visual irreversível devido ao desgaste dos fotorreceptores da mácula (estrutura localizada na parte central da retina). Saber o que é a doença e quais podem ser as suas consequências é importante para a saúde da visão.
Responsável por captar as imagens que recebemos ao cérebro, a retina é uma camada que reveste internamente o globo ocular. A mácula é o centro da retina e tem como função receber os detalhes e perceber as cores . Quando ela está comprometida, pode ocorrer a deficiência visual ou cegueira .
Dr. Leandro Zacharias (CRM-SP 100.724), médico oftalmologista, explica que a degeneração macular relacionada à idade acomete, geralmente, pessoas a partir de 65 anos de idade e que seu surgimento está ligado a diversos fatores: “Histórico genético, hábitos alimentares, exposição à luz solar e tabagismo¹”. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, podemos ainda somar às possíveis causas, pessoas com familiares com a doença e pessoas de pele e olhos claros¹.
Existem duas formas de DMRI: a seca (ou atrófica), que corresponde a 90% dos casos, e a forma úmida (ou exsudativa), responsável por 10% dos casos¹.
“A degeneração macular relacionada à idade seca tem evolução lenta, o desgaste da mácula é progressivo. Por exemplo, imagine um tapete que começa a se desgastar de tanto usar. Assim fica mais tangível de entendermos como ocorre essa degeneração macular. Já a DMRI úmida é mais agressiva porque trata-se de um crescimento anormal de vasos sob a retina. Esses vasos começam a extravasar líquido ou sangue e, como consequência, distorcem a visão, aparecem manchas no centro da visão, há dificuldade para ler e escrever e os rostos começam a ficar distorcidos”, esclarece Dr. Leandro, que acrescenta: “É neste segundo tipo que acontece a perda visual irreversível”.
Os principais sinais da degeneração macular relacionada à idade são distorção visual, mancha no centro da visão e perda de foco. “É comum que o paciente com DMRI tenha a impressão de que os azulejos e palavras, por exemplo, estão desalinhados. Parece algo pequeno, mas as dificuldades aparecem no momento de pagar uma conta, ler um livro, usar o celular, assinar um cheque (os bancos não reconhecem a assinatura). Como não há sinal doloroso, a pessoa acredita que usar óculos irá resolver. O paciente só pede ajuda quando o segundo olho é acometido”, exemplifica o especialista.
Quem realiza o diagnóstico da DMRI é o médico oftalmologista. Durante a consulta são feitos exames de refração, teste de amsler (para captar possíveis distorções da visão), dilatação da pupila para checar o fundo do olho e, se necessário, angiografia fluorescente (angiofluoresceinografia) e OCT (exame não invasivo para averiguar a presença de inchaço na mácula. Sua sigla traduzida significa tomografia de coerência óptica). “Esses exames nos ajudam a identificar algumas características da DMRI, como sangramento, inchaço da retina, pontos amarelos no fundo do olho e assim por diante”, pontua Dr. Leandro.
Com o diagnóstico em mãos o médico consegue avaliar se é um caso de degeneração macular relacionada à idade, qual é o tipo e qual será o tratamento.
• DMRI úmida: Injeção intraocular (anti-VEGF) e fotocoagulação a laser³.
• DMRI seca: Ainda não há tratamentos disponíveis, mas existem alternativas sendo avaliadas em estudos3. Alguns retinólogos orientam o uso de complexos vitamínicos, controle de possíveis doenças de base e interrupção do tabagismo (em caso de fumantes), por exemplo.
O médico oftalmologista finaliza informando que o resultado é a longo prazo, mas a recompensa é imensurável: “A DMRI seca ainda não tem tratamentos disponíveis, mas para casos de DMRI úmida um tratamento bem executado ajuda a manter a visão, por isso o diagnóstico precoce é tão importante quanto comparecer aos retornos com o especialista. Melhor tratar para manter do que perder a visão e não ter como recuperá-la”.
Referências
¹ Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) – http://www.cbo.net.br/novo/publico-geral/tudo-sobre-dmri.php
² Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) – http://www.cbo.net.br/novo/publico-geral/dmri.php
³ Tratamentos das Doenças de Retina – http://vejaparasempre.com.br/principais/tratamentos/tratamentos-das-doencas-da-retina/