O paciente tem um papel fundamental na busca pelo diagnóstico precoce e tratamento dessa doença ocular que pode levar à cegueira irreversível
Com mais de 60 milhões de pessoas afetadas em todo o mundo¹ e 2,4 milhões de novos casos todos os anos², o glaucoma é uma preocupação de saúde pública global. Como não costuma apresentar sintomas em seu estágio inicial³, o problema é conhecido como ladrão silencioso da visão e pode levar à cegueira irreversível⁴ se não for detectado precocemente.
“Quanto mais cedo vier o diagnóstico e tratamento adequados, melhor para o paciente, que terá menos riscos de perder sua visão. Isso também representa uma vida com menor dependência do sistema de saúde e dos familiares, menos exames, cirurgias, consultas e cuidados na rotina dessa pessoa”, explica o Dr. Emilio Suzuki, presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma.
Risco aumenta com o envelhecimento
“Com o passar do tempo, o envelhecimento pode trazer algumas mudanças naturais ao olho, como a diminuição de drenagem do humor aquoso, líquido responsável por nutrir algumas estruturas e ajudar no controle da pressão intraocular, popularmente conhecida como PIO. A presença de catarata, doença que também é mais comum em idosos, ainda contribui para que essa faixa etária seja mais suscetível ao glaucoma”, pontua o especialista.
Quem tem histórico familiar, possui etnia negra e convive com a miopia com mais de 6 graus também tem maior propensão ao aparecimento da condição⁵.
Além das causas primárias, o glaucoma pode surgir como uma condição secundária a outras doenças, traumas na região do olho, aplicação inadequada de colírio e uso prolongado de determinadas medicações, como corticóides, entre outros⁶. “O paciente de diabetes, por exemplo, convive com um risco maior de desenvolver glaucoma, provavelmente em razão de ter vasos sanguíneos mais frágeis. Em todos os casos, é fundamental iniciar o acompanhamento oftalmológico durante o tratamento dessas condições”, destaca o doutor.
Mas a vigilância deve ser presente desde a infância: o glaucoma do tipo congênito, embora raro, requer atenção já nos primeiros meses de vida⁷. “Pais e cuidadores devem solicitar o teste do olhinho, uma das maneiras mais eficazes de descobrir doenças em sua fase inicial, bem como estar atentos a características como lacrimejamento excessivo, aumento do tamanho do globo ocular, aperto dos olhos e fotofobia, uma sensibilidade excessiva à luz”, recomenda Suzuki.
Como identificar e tratar o glaucoma?
A realização de exames oftalmológicos periódicos, como o de pressão ocular, é crucial para o diagnóstico do glaucoma e deve ser incluído na rotina, especialmente a partir dos 40 anos⁸. “A análise de campo visual e de fundo de olho também são importantes na avaliação da saúde ocular”, ressalta o presidente da SBG.
Os colírios são uma das principais formas de tratamento do glaucoma, ajudando a reduzir a pressão intraocular. “Há vários tipos de colírio com composições diferentes, que só podem ser recomendados pelo oftalmologista e de acordo com as demandas específicas de cada indivíduo”, explica o médico. Existem ainda outras opções terapêuticas, como medicamentos orais e várias opções de cirurgias oculares⁹.
No entanto, a adesão do paciente ao tratamento é essencial para o sucesso terapêutico, seja ele qual for. “Se a pessoa em tratamento não administrar os colírios com as doses corretas e nos horários indicados, por exemplo, sua pressão continua alta e ela pode, gradativamente e de modo definitivo, perder a visão”, finaliza o oftalmologista.
Referências:
1. Relatório Mundial sobre a Visão. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/328717/9789241516570-por.pdf
2. The International Agency for the Prevention of Blindness. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://www.iapb.org/learn/knowledge-hub/eye-conditions/glaucoma/
3-4. Ministério da Saúde. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/26-5-dia-nacional-de-combate-ao-glaucoma-7/#:~:text=O%20glaucoma%20n%C3%A3o%20d%C3%B3i%20e,que%20est%C3%A1%20perdendo%20a%20vis%C3%A3o.
5-6. Sociedade Brasileira de Glaucoma. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/medico/o-que-e-glaucoma/
7. Sociedade Brasileira de Glaucoma. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://sbgzinha.sbglaucoma.org.br/
8. Sociedade Brasileira de Glaucoma. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/medico/causas-do-glaucoma/
9. Sociedade Brasileira de Glaucoma. Consulta em 09/04/2024. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/medico/tratamentos-do-glaucoma/