Abril Marrom é o nome da nova campanha que vem se consolidando no calendário de temáticas de saúde para a conscientização sobre doenças que causam a cegueira, problema que atinge atualmente cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. Considerando que 80% dos casos de cegueira são evitáveis e/ou tratáveis, significa que quase 700 mil brasileiros cegos poderiam estar enxergando caso tivessem sido tratados a tempo. E mais: estas ocorrências poderiam ser evitadas se a população consultasse um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano.
Dr. Paulo Mello Filho, Doutor em Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), fala sobre a importância da campanha para conscientização: “Ter informações a respeito das doenças que podem levar à cegueira é o primeiro passo para a população adotar medidas preventivas e de atenção para a busca de diagnóstico e tratamentos adequados”.
A catarata, retinopatia diabética e glaucoma são algumas das doenças que podem levar à cegueira e são bastante frequentes no cotidiano da população, mas bastante negligenciadas devido à falta de conhecimento sobre as suas consequências em longo prazo. Entenda cada uma delas:
Catarata – Doença caracterizada pela perda de transparência (opacidade) do cristalino (lente localizada atrás da íris), a catarata pode ser classificada como secundária ou senil. A primeira pode estar relacionada a inúmeros fatores, tanto oculares quanto problemas sistêmicos; a segunda ocorre devido ao envelhecimento natural do cristalino. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 85% das cataratas são classificadas como senis, com maior acometimento na população acima de 50 anos.
Por se tratar de uma doença progressiva, somente a facectomia (cirurgia de substituição do cristalino) gera resultados efetivos e definitivos para a recuperação da visão.
Ao notar qualquer sinal de embaçamento na visão, dificuldade para dirigir à noite por conta do brilho dos faróis, visão com feixes de luz e sensação de melhora da visão ao aproximar os objetos, com piora logo em seguida, é necessário buscar ajuda do oftalmologista.
Retinopatia Diabética– De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença atinge mais de 13 milhões de brasileiros. Se não for tratada corretamente, pode interferir diretamente na função dos vasos sanguíneos que levam sangue e oxigênio para as células da retina, desencadeando a retinopatia diabética, com evolução para a cegueira.
Trata-se de uma doença assintomática no início, ou seja, que não apresenta sintomas. Porém, em estágio avançado, surgem alterações visuais súbitas e indolores. Para não ter de chegar a este estágio, é importante que os portadores de diabetes visitem regularmente o oftalmologista para realizar o mapeamento de retina, além de manter o diabetes sob controle.
O tratamento para retinopatia diabética, junto com o controle do diabetes, impede sua evolução, tornando o diagnóstico precoce fundamental para impedir a perda de visão.
Os tratamentos são compostos por medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. A terapia mais recente e inovadora no momento é a aplicação injetável intravitreo de dexametasona, recentemente incluída no ROL da ANS.
Glaucoma – É caracterizado por danos no nervo ótico que podem levar à perda total de visão devido ao aumento da pressão intraocular (PIO). Como o nervo ótico é o responsável por levar as informações que vemos ao cérebro, qualquer dano nessa região pode interferir na qualidade da visão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 1 a 2% da população acima de 40 anos é portadora de algum tipo de glaucoma, que causa cegueira irreversível.
O especialista reforça que o “Abril Marrom” é essencial para a população entender a importância da consulta com o oftalmologista: “A regularidade nas consultas é o modo de prevenção mais efetivo, assim como o compromisso com o tratamento quando uma doença é diagnosticada”.
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.